A dor do outro
Ainda que nos coloquemos no lugar do outro, jamais teremos a dor do próximo.
É isso. Quem não padece as dores não as pode avaliar. Em uma realidade que as felicidades e sofrimentos individuais estão expostos, somos tentados a julgar e até mesmo acreditamos que os insucessos do outro – a reprovação de um curso, o desemprego, o fim do amor, a morte de um ente querido – foram demasiadamente valorizada por ele.
A dor tem seu preço, a dor tem seu valor, a dor tem sua própria sensação e sofrimento. Porém, não esqueçamos do óbvio: As dores emoções a amores nunca serão iguais, ainda que tenhamos passado por situações semelhantes. Afinal, semelhante é semelhante, semelhante é parecido, mas semelhante não é igual, semelhante é diferente.
Acreditar que sabemos a exata dor da ferida é falta de humildade. E empatia sem humildade, é arrogância apenas travestida de solidariedade.
Cada um de nós temos uma reação ao sofrimento. Nos enganamos que sofrimento e alegrias são emoções equiparadas. As palavras dolorosas, as derrotas, as reprovações, rejeições e perdas são emoções negativas que precisam de muitas emoções positivas para que a mente e alma encontrem o equilíbrio. Para muitos, a dor de ouvir uma palavra negativa não é “curada” por um pedido de desculpas imediato, um elogio. Às vezes, o equilíbrio só é alcançado com 3, 5, 10 palavras e momentos positivos que somados ao tempo, curem o coração.
O exercício da empatia consiste em buscar respeitar, compreender a dor do outro, sem a arrogância de acreditar que sabe o sentimento do outro. Logo, a dor do outro é a dor do outro.
Respeitar a dor do outro é se compadecer, se colocar no lugar dele, lamentar, mas sem julgar, pois ainda que nossa perda seja semelhante, ela não é a dor real do outro, até porque “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.
Decerto, a empatia exige solidariedade, mas também humildade para compreender e respeitar as lagrimas e risadas alheias, sem arrogância que de pensar que temos os exatos temos e alcance do que é felicidade e dor emocional do outro, como ninguém tem a exata noção da sujeira sentimental que há nossos corações diante das poeiras emocionais das estradas na jornada da vida.
Se os outros são os outros e ninguém sabe a exata noção da vida que temos, nós também jamais teremos a real emoção do outro, pois cada um de nós somos únicos nas nossas lágrimas, emoções, sofrimentos, dores, alegrias e risadas.
Talvez, assim, o equilíbrio produz empatia e solidariedade.
